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Greve dos professores chegou aos 112 dias

A greve dos professores da rede estadual de Minas Gerais, que foi suspensa no dia 27 de setembro, resistiu por 112 dias. A AMES-BH, desde sua fundação, acompanha e apóia não só essa greve, como toda a luta dos professores mineiros e do Sind UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação), participando das assembléias, passeatas e atos, e declarando seu apoio a toda a sociedade.

Desde o início, a categoria reivindicava o cumprimento da Lei Federal nº 11.738/08, que estabelece o piso salarial do professor de R$1.178, ou seja, o salário não pode ser inferior a esse valor. Como o piso pago pelo Governo do Estado de Minas Gerais hoje é de R$369, os trabalhadores enfrentaram com garra os primeiros dias de greve e a tentativa do Governo de colocar panos quentes na situação. O Governo do Estado continua tralhando com informações que não correspondem à realidade. Ele apresenta números à imprensa para construir a idéia de que a greve está acabando. No entanto, fizemos apuração do quadro de paralisação em todas as regiões do estado e sabemos que a greve continua em todas as regiões do Estado. A Secretaria de Estado da Educação afirmou hoje que existem apenas 11 escolas em greve. Sabemos que não é real”, afirma Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sind Ute, 5 dias antes da suspensão da greve.

Com o passar dos dias, a indignação só aumentou. Já eram quase três meses sem aula e o Estado não havia dado um movimento sequer para que houvesse negociação. De todos os lados a imprensa (a serviço do Governo) atacava os trabalhadores, o Ministério Público anunciava o pedido de ilegalidade da greve, mesmo tendo o Supremo Tribunal Federal constatado que este é um direito de todo trabalhador e que o piso deve ser garantido por todos os estados. Enquanto isso, a população acompanhava de perto o descaso não só com os trabalhadores em educação, mas também com cada estudante sem aula, sem direitos e com péssima estrutura em cada escola; com cada pai e mãe, e com todos aqueles que almejam e lutam por uma educação pública, gratuita, de qualidade e para todos. Dessa forma, a greve extrapolou as barreiras e deixou de ser luta de uma única categoria, de um único sindicato, e passou a ser pauta de toda a sociedade, dentro e fora do estado de Minas Gerais.

Foram diversas passeatas de estudantes e outras categorias em apoio à greve, reuniões, colagens e, enfim, uma manifestação que reuniu mais de 9 mil jovens e trabalhadores, em defesa da educação e repudiando as medidas do Governo de Minas contra a greve. Ao invés de as reivindicações do povo mineiro serem atendidas, o que aconteceu foi o aumento do aparato policial e a marginalização dos trabalhadores em greve. Um exemplo foi a perseguição sofrida pelos que estavam acampados, em vigília na Assembleia Legislativa: Neste fim de semana, com o pretexto de lavar a caixa d'agua, a água foi cortada inviabilizando a utilização dos banheiros. A sede da antiga Sedese foi aberta para que as pessoas utilizassem os banheiros mas percebemos que se tratava de uma estratégia para identificar as pessoas uma vez que os seguranças ficavam na porta”, afirma Beatriz Cerqueira.

No dia 16 de setembro, dezenas de professores se acorrentaram na Praça da Liberdade, em um ato simbólico, no dia e local em que haveria a cerimônia de lançamento do Cronômetro da Copa, pois milhões de reais tem sido gastos com este evento, enquanto o Governo alega que não há dinheiro para a educação. Os trabalhadores foram cercados pela PM durante mais de 6 horas e, ao final, estes e outros jovens e trabalhadores que foram à Praça para apoiar o movimento foram recebidos a base de gás de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes. No mesmo dia em que a greve foi suspensa, dois professores completaram 8 dias em greve de fome, em protesto contra o salário de miséria dos educadores.


Toda semana acontecia a assembléia da categoria, no pátio da Assembleia Legislativa, onde eram tomadas as decisões sobre a continuidade da greve e de como seguiria a luta nos próximos dias. E a cada assembléia, ficava claro o crescimento do número de trabalhadores na luta, e de toda a sociedade em apoio a estes.

Após 112 dias de omissão e intransigência, o Governo do Estado se apresenta aberto a negociação com o sindicato. Diante disso, os professores decidiram, na noite do dia 27, suspender a greve até que terminassem as negociações. É importante ressaltar que continuamos sob estado de greve, ou seja, caso as reivindicações do povo não sejam atendidas, a greve será retomada no dia 8 de outubro, data da próxima assembléia.

Foram 112 dias de greve, 112 dias de ataque aos trabalhadores e, ainda assim, os mineiros resistem, mostrando que a luta é o único caminho para conquistar os direitos do povo e transformar a educação em prioridade em nosso país.

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AMES-BH se reúne pela primeira vez com Marcio Lacerda

Na tarde do dia 12 de setembro, diretores da AMES-BH, DCE UFMG, Grêmio do Estadual Central, Grêmio do CEFET e membros da União da Juventude Rebelião se reuniram com o Prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Essa foi uma reivindicação da AMES-BH desde que foi fundada, e só se concretizou após nove anos de existência, fruto de diversas lutas que demonstraram a força do movimento estudantil.
A reunião começou com o informe da Prefeitura sobre a situação atual do meio passe. Logo, os estudantes questionaram o fato de hoje haver investimento suficiente para que apenas 10 mil jovens tenham acesso ao direito, e que destes, menos de 900 receberam o cartão. Foram feitas diversas críticas à contra-propaganda que a Prefeitura tem feito sobre o meio passe, alegando que a lei só garante o direito ao estudante inscrito em programas sociais, como bolsa escola ou bolsa família, o que é mentira, visto que a lei que conquistamos com 25 anos de luta garante o meio passe a todos os estudantes.
Outro ponto levantado pelos estudantes foi sobre a forma burocrática com que o cadastro dos estudantes tem sido feito, pois o requerimento do meio passe não está disponível a todos e exige uma série de documentos sem necessidade e, além disso, diversos jovens são mal atendidos e/ou impedidos de entregar o seu formulário nos postos de recolhimento. Sem mais argumentos diante desta realidade, a Prefeitura se disponibilizou a facilitar a solicitação, disponibilizando também o cadastro via internet, avaliando a possibilidade de exigir apenas o formulário preenchido sem documentos e deixando de barrar os estudantes que fossem entregar o seu requerimento nos postos.
Porém, nada disso seria necessário se a lei fosse cumprida e o meio passe garantido a todos os estudantes. A desculpa dada pela Prefeitura é sempre de que não há verba suficiente para investir no fundo que foi criado, mesmo sabendo que os donos das empresas de ônibus tem lucros exorbitantes sobre os altos preços da passagem, e que todos os anos apenas o município gasta cerca de 300 bilhões de reais em pagamento de juros de dívidas que já foram pagas dezenas de vezes, e também não podemos esquecer das viagens de R$25 mil cada realizadas pelo Prefeito. Os estudantes exigiram que a lei seja cumprida e que, para isso, a verba saia do lucro das empresas, que o investimento da Prefeitura seja o suficiente para garantir o meio passe para todos os estudantes (inclusos na Lei de Orçamento Anual relativa a 2012) e também que haja discussão com os governos estadual e federal para garantir esse direito aos estudantes.
Além disso, hoje quem emite a carteira do meio passe é a BH Trans, ou seja, não está sob controle dos estudantes. Foi citado o exemplo de diversos estados em que o cartão é emitido pelas entidades estudantis, o que favorece o controle e, além disso, cria condições para que cresça a luta pelos direitos dos estudantes, visto que o valor pago pela carteira nesse caso vai para as entidades, e não para o bolso dos empresários. A Prefeitura se comprometeu a discutir e levar a proposta ao Conselho do Meio Passe, órgão do qual a AMES-BH também faz parte.
Por fim, os estudantes pautaram a forma truculenta com que as entidades tem sido recebidas na Prefeitura, sendo impedidos de entrar e, quando menos, mal recebidos e perseguidos por guardas municipais no interior do prédio. Também questionaram a multa de R$2mil que a AMES-BH recebeu por organizar atos em defesa do meio passe na Praça Sete.
Essas são provas do descaso da Prefeitura com a juventude, que prioriza investir no lucro dos empresários ao invés da educação, mas também de que apenas com luta é que conquistamos o meio passe, e só com mais estudantes nas ruas é que conquistaremos para todos os estudantes. Precisamos agora nos manter firmes, cobrar o cumprimento das propostas feitas na reunião e exigir o direito do meio passe para todos. Por isso, chamamos todos a participarem da AMES-BH, construir e fortalecer os Grêmios Estudantis em cada escola, e avançar na conquista dos nossos direitos.
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Greve para Chile contra privatização da educação



Pela Constituição chilena é terminantemente proibido o lucro na educação. No entanto, as instituições de ensino superior do país são todas pagas, mesmo as instituições públicas, herança da ditadura de Pinochet (1973-1990), levando os estudantes a ficarem endividados antes mesmo de terminarem a faculdade. Ao todo, o Chile tem mais de um milhão de estudantes universitários num país de 17 milhões de habitantes.

É dentro desse cenário que ocorre uma das principais mobilizações dos estudantes chilenos. Ao longo dos últimos três meses, estudantes secundaristas e universitários têm se mobilizado para cobrar mudanças no sistema educacional chileno, na busca de uma educação gratuita e de qualidade, garantindo-a como um direito social humano universal.



"Fim ao lucro" é uma das palavras de ordem mais presentes em faixas, bandeiras e nas ocupações, que já atingem mais de 700 escolas e praticamente todas as principais universidades do país. A ampla participação estudantil tem chamado atenção de todo o mundo, e a postura intransigente do governo Sebastián Piñera transformou a bandeira da educação pública num grande enfrentamento político entre o governo e o povo chileno.

Nos dias 24 e 25 de agosto, foi convocada uma greve geral pelas centrais sindicais em apoio às reivindicações de educação pública e gratuita e contra a política econômica. Um milhão de pessoas foram às ruas convocadas por um total de 82 organizações sindicais, estudantis, de professores e de direitos humanos. No aeroporto de Santiago, os trabalhadores aderiram à paralisação, que aconteceu ainda na saúde, na distribuidora de energia Chilectra e na maioria dos serviços públicos como correios, previdência social e bibliotecas, entre outros órgãos. Como expressão dessa luta, 33 jovens decretaram greve de fome, na tentativa de sensibilizar o governo para as negociações.

As manifestações estudantis desencadearam um rico processo de união e mobilização de todo o povo, e isso já tem criado efeito na própria imagem do governo, que, pouco mais de um ano depois de tomar posse, tem um índice de aprovação de apenas 26%. Mas, demonstrando todo o seu desprezo com as reivindicações populares, o governo de Piñera tem mobilizado um grande aparato repressivo e entrado em choque com os estudantes, mesmo fora das manifestações, perseguindo-os em especial nos bairros pobres de Santiago. Várias são as cenas de agressão e violência protagonizadas pela polícia chilena, deixando cada vez mais claro o caráter de classe do Estado e seus interesses e mais de 1.000 estudantes estão presos.

No dia 26 de agosto, em Santiago, um jovem de 16 años, Manuel Gutiérrez, foi assassinado pela policía chilena quando participava de uma manifestação. Segundo uma testemunha, um policial realizou três disparos, dos quais um foi no peito de Manuel. Merina Reinoso, mãe do adolescente, também confirmou o crime "as pessoas que estavam com meu filho são testemunhas de que foram os policiais quem dispararam".

Falando a imprensa, a líder estudantil Camila Vallejo, de 23 anos, ameaçada de morte recentemente, disse que os protestos vão continuar até que o governo atenda às exigências dos estudantes. "Já não nos serve este modelo neoliberal, que tem por finalidade o lucro e o negócio de uns poucos. Nós cremos que é necessário avançar para um sistema igualitário e de uma projeto para educação que possa pensar um país novo. Queremos um país livre, justo, democrático e igualitário. E para isso necessitamos de uma educação de qualidade para todos", afirmou a dirigente da Federação dos Estudantes da Universidade Chilena (FECH).

O "inverno chileno" promovido pela juventude do país é mais uma prova da disposição de luta da juventude, e de que os efeitos da crise - que aumentam o desemprego e exigem dos governos o corte dos investimentos nas áreas sociais - só serão vencidos com a mobilização popular, para que se possa, de uma vez por todas, dar um basta ao regime do lucro e da exploração e construir uma educação pública e gratuita para todos e um mundo justo e sem opressão.

União da Juventude Rebelião (UJR)

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UJR lança Gladson Reis candidato à presidente da UBES!!


A Coordenação Nacional da UJR lança o estudante Gladson Reis, diretor de Relações Internacionais da União Brasileira de Estudantes Secundaristas - UBES, atual presidente da Associação Metropolitana de Estudantes Secundarista da Grande BH - AMES BH, ex-presidente do Grêmio do Colégio Governador Milton Campos, o Estadual Central e militante da União da Juventude Rebelião - UJR.
Gladson Reis iniciou sua militância no movimento estudantil em 2005 foi 2 vezes presidente do grêmio do Estadual Central e em 2009, fruto da sua liderança no movimento estudantil da capital mineira, foi eleito presidente da AMES BH e se tornou a principal referência das lutas que conquistaram em 2010 o meio passe naquela que era a unica capital onde os estudantes não tinham esse direito.
Na diretoria da UBES a participação de Gladson foi marcada pela defesa intransigente dos interesses dos estudantes e pelo resgate das bandeiras históricas da UBES, abandonada pela maioria da diretoria da entidade. Na Conferência Nacional de Educação -CONAE, entre os diretores da UBES que eram delegados, ele foi o único que defendeu e votou os 10% do PIB para educação, denunciando que mais de 40% do orçamento ia para o pagamento da divida pública.
Para o 39º Congresso da UBES os estudantes de todo o país estão se organizando e elegendo delegados para que a UBES volte a ser uma entidade marcada pela rebeldia e pelo combate por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Segundo Gladson Reis: "É necessário fazer com que os estudantes do país inteiro se mobilizem contra o pagamento da divida pública e contra os leilões do petróleo para garantir que a educação no Brasil seja uma prioridade. É preciso ainda combater os programas dos governos que desviam dinheiro público para a educação privada, como o PROUNI e o PRONATEC defendidos pela atual diretoria da UBES."
Nesse congresso a oposição tem candidato, Gladson Reis representa a luta de todos os setores descontentes com essa UBES inerte aos interesses dos estudantes, por isso convocamos todos os grêmios, entidades estudantis e organizações para construir nas ruas essa candidatura.

Já constroem essa candidatura:
União da Juventude Rebelião (UJR), FENET, AMES-BH, AERJ, ARES ABC, AMES FSA, USEA-AL, UESPE, ARES Recife, UESP Petrolina, APES-PB, APES-JP, UESP Potiguar, UESM Fortaleza, UEES-CE, UESB Belem, AMES Teresina e demais entidades filiadas.
Construa você também a candidatura da oposição!
CHEGOU A HORA DA VIRADA!
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Grêmios se reúnem no 5º CEB da AMES-BH




Estudantes de mais de 12 escolas se reuniram no sábado, dia 27 de agosto, no Conselho de Entidades de Base da AMES-BH. Dezenas de jovens reafirmaram a combatividade do movimento estudantil em Belo Horizonte, colocando o importante papel que cumpriram e ainda cumprem os grêmios estudantis, e a importância da organização dos estudantes em casa escola.
Na parte da manhã, aconteceu o debate sobre a situação que vivem a juventude e os trabalhadores. Na mesa, estavam Gladson Reis, presidente da AMES-BH - que falou sobre a luta da juventude no Brasil e no mundo, pelos seus direitos e pela liberdade - e Professor Paulo Henrique, diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais – SindUTE, que falou sobre a atual situação da greve dos professores da rede estadual.
À tarde, foi lançado o 2º vídeo da AMES-BH, que mostra a trajetória da entidade e algumas de suas lutas nos últimos três anos, principalmente a conquista do meio passe. O debate, apresentado por Júlia Raffo – presidente do Grêmio do Estadual Central – girou em torno das lutas que tem que ser travadas daqui para frente. A principal conclusão tirada no debate foi da necessidade de avançar na conquista do meio passe, pois após 25 anos de luta os estudantes de BH conquistaram o direito, e mesmo assim a Prefeitura investe o suficiente para que apenas 10 mil estudantes o tenham. “Foi nas ruas, fazendo passeata que conquistamos a lei, e nas ruas conquistaremos o meio passe para todos os estudantes”, afirmou Júlia. Também foi falado sobre a importância de fortalecer o movimento estudantil nacionalmente, e que para isso é necessária a retomada da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES. Por isso, todos devem se preparar para participar do Conselho Nacional de Entidades Gerais – CONEG, que acontecerá entre os dias 1 e 3 de setembro, em Brasilia.
Ao final, foi escrita uma carta do encontro, para que fique marcado na história que a juventude de Belo Horizonte tem sede de mudança, e sabe que para transformar a realidade em que vivemos é preciso lutar!