domingo, 16 de maio de 2010

NOTA EM DEFESA DA LEGÍTIMA MANIFESTAÇÃO DOS ESTUDANTES CONTRÁRIOS A ADESÃO DA UFMG AO ENEM NESSE ANO


Setores ligados ao governo e infiltrados no movimento estudantil vem tentando justificar a adesão da UFMG ao ENEM no ultimo dia 05 de Maio dizendo que esse é mais um passo em direção a uma universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos. Com esse argumento, esses verdadeiros funcionários do governo, nesse mesmo dia, manipularam cerca de cem estudantes que foram levados para a porta da reitoria para a montagem de uma verdadeira encenação que culminou na adesão da UFMG ao ENEM.

No entanto a grande massa estudantil composta de trabalhadores ou filhos destes, que vêm se preparando e gastando parte considerável da sua renda familiar para passar no vestibular da UFMG, que vinha pagando cursinho, que havia comprado os livros exigidos pela universidade e se dedicando a estudar para ter as chances que têm os filhos da elite de passar no antigo e excludente modelo de seleção foi surpreendida e se revoltou com a decisão de última hora da universidade.

Indignados, no dia 11 de maio (terça-feira), 2000 estudantes de cursinhos e escolas públicas e privadas de Belo Horizonte, fizeram uma combativa manifestação no campus Pampulha da UFMG com a pauta unitária de ser contra a adesão da UFMG esse ano ao novo ENEM.

A manifestação foi legítima e os estudantes secundaristas fizeram uma irreverente mobilização: muitas palavras de ordem e animação marcaram o grande ato. Uma disposição de vencer bem diferente da “passeata” chapa branca pró-governo realizada para justificar a aprovação da adesão.

O reitor da UFMG Clélio Campolina, recebeu uma comissão de representantes dos estudantes e disse a eles que não era possível rever a posição tomada pois o prazo para mudanças no edital das provas já foi publicado e o prazo final para quaisquer mudanças terminou na última segunda-feira.

Vale lembrar que na própria universidade não houve debates com a comunidade acadêmica e o autoritarismo, muito presente nas ultimas gestões, vem sendo mantido por essa reitoria. Os pouquíssimos estudantes que sabiam dessa proposta quase secreta da UFMG, ou eram membros das congregações ou alguns integrantes da atual gestão “Outras palavras” do Diretório Central dos Estudantes – DCE-UFMG, verdadeiros agentes da reitoria e do governo.

Para finalizar, gostaríamos de chamar a atenção de todos sobre a “democratização” que supostamente o ENEM trás para a entrada nas universidades públicas federais dos estudantes oriundos das camadas populares. Gostaríamos de ressaltar duas questões a esse respeito: a primeira é que não podemos esquecer que as máfias dos cursinhos que servem hoje para "adestrar" estudantes para passar no injusto processo chamado vestibular, vão continuar existindo, mas agora com os chamados "Pré-ENEM" e os que tiverem condições de pagar os cursinhos mais caros e que forem melhor “adestrados”, continuarão sendo privilegiados no preenchimento das vagas. A segunda questão é que dados do próprio Ministério da Educação demonstram que em 2009 se inscreveram para o ENEM 4,5 milhões de candidatos no ENEM em todo país, no entanto como existem apenas 300 mil vagas nas universidades federais, ficaram de fora 4,2 milhões de estudantes que sonhavam com o ensino superior público, o que na nossa avaliação é o maior sintoma do caráter excludente do ENEM e do vestibular.

Portanto não se trata de mudar a forma da prova, que no final das contras apenas tenta mascarar o problema central. Vale lembrar que essa adesão da UFMG impôs aos estudantes oriundos de escolas públicas uma situação muito mais complicada, pois terá que pagar duas vezes para entrar na UFMG, uma para fazer o ENEM e outra para fazer a segunda etapa do vestibular interno.

Em um país rico como o Brasil, o que falta ao governo é dar prioridade para o povo e ao invés de destinar mais de 150 bilhões com pagamento de juros e amortizações da divida, ou privatizar a educação salvando os tubarões do ensino privado comprando vagas nas universidades privadas com o PROUNI, deve investir esses recursos para construir universidades por todo país, acabar com o vestibular e qualquer outro processo seletivo excludente e instituir o livre acesso a universidade pública. Esse sim é um enorme desafio que terá que ser enfrentado pelas classes trabalhadoras e sua juventude com muitas mobilização e luta.

Mais do que partidos, os que apoiaram a mobilização, foram representantes legítimos que honram a historia de luta e combatividade da UNE, da UBES e demais entidades dos estudantes. Essa situação apenas demonstrou novamente que é preciso combater e derrotar esses omissos e mentirosos “representantes” do governo no ME.



Belo Horizonte, 14 de maio de 2010.



Leonardo Pericles

Diretor de Universidades Públicas da União Nacional dos Estudantes UNE

Estudante da UFMG e Militante da União da Juventude Rebelião - UJR

Contato: 31 - 84982338



Gladson Reis

Presidente da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte AMES-BH

Diretor de Relações Internacionais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas UBES

Estudante do Estadual Central e Militante da União da Juventude Rebelião - UJR - Contato: 31 - 98732141

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