quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Greve dos professores chegou aos 112 dias

A greve dos professores da rede estadual de Minas Gerais, que foi suspensa no dia 27 de setembro, resistiu por 112 dias. A AMES-BH, desde sua fundação, acompanha e apóia não só essa greve, como toda a luta dos professores mineiros e do Sind UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação), participando das assembléias, passeatas e atos, e declarando seu apoio a toda a sociedade.

Desde o início, a categoria reivindicava o cumprimento da Lei Federal nº 11.738/08, que estabelece o piso salarial do professor de R$1.178, ou seja, o salário não pode ser inferior a esse valor. Como o piso pago pelo Governo do Estado de Minas Gerais hoje é de R$369, os trabalhadores enfrentaram com garra os primeiros dias de greve e a tentativa do Governo de colocar panos quentes na situação. O Governo do Estado continua tralhando com informações que não correspondem à realidade. Ele apresenta números à imprensa para construir a idéia de que a greve está acabando. No entanto, fizemos apuração do quadro de paralisação em todas as regiões do estado e sabemos que a greve continua em todas as regiões do Estado. A Secretaria de Estado da Educação afirmou hoje que existem apenas 11 escolas em greve. Sabemos que não é real”, afirma Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sind Ute, 5 dias antes da suspensão da greve.

Com o passar dos dias, a indignação só aumentou. Já eram quase três meses sem aula e o Estado não havia dado um movimento sequer para que houvesse negociação. De todos os lados a imprensa (a serviço do Governo) atacava os trabalhadores, o Ministério Público anunciava o pedido de ilegalidade da greve, mesmo tendo o Supremo Tribunal Federal constatado que este é um direito de todo trabalhador e que o piso deve ser garantido por todos os estados. Enquanto isso, a população acompanhava de perto o descaso não só com os trabalhadores em educação, mas também com cada estudante sem aula, sem direitos e com péssima estrutura em cada escola; com cada pai e mãe, e com todos aqueles que almejam e lutam por uma educação pública, gratuita, de qualidade e para todos. Dessa forma, a greve extrapolou as barreiras e deixou de ser luta de uma única categoria, de um único sindicato, e passou a ser pauta de toda a sociedade, dentro e fora do estado de Minas Gerais.

Foram diversas passeatas de estudantes e outras categorias em apoio à greve, reuniões, colagens e, enfim, uma manifestação que reuniu mais de 9 mil jovens e trabalhadores, em defesa da educação e repudiando as medidas do Governo de Minas contra a greve. Ao invés de as reivindicações do povo mineiro serem atendidas, o que aconteceu foi o aumento do aparato policial e a marginalização dos trabalhadores em greve. Um exemplo foi a perseguição sofrida pelos que estavam acampados, em vigília na Assembleia Legislativa: Neste fim de semana, com o pretexto de lavar a caixa d'agua, a água foi cortada inviabilizando a utilização dos banheiros. A sede da antiga Sedese foi aberta para que as pessoas utilizassem os banheiros mas percebemos que se tratava de uma estratégia para identificar as pessoas uma vez que os seguranças ficavam na porta”, afirma Beatriz Cerqueira.

No dia 16 de setembro, dezenas de professores se acorrentaram na Praça da Liberdade, em um ato simbólico, no dia e local em que haveria a cerimônia de lançamento do Cronômetro da Copa, pois milhões de reais tem sido gastos com este evento, enquanto o Governo alega que não há dinheiro para a educação. Os trabalhadores foram cercados pela PM durante mais de 6 horas e, ao final, estes e outros jovens e trabalhadores que foram à Praça para apoiar o movimento foram recebidos a base de gás de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes. No mesmo dia em que a greve foi suspensa, dois professores completaram 8 dias em greve de fome, em protesto contra o salário de miséria dos educadores.


Toda semana acontecia a assembléia da categoria, no pátio da Assembleia Legislativa, onde eram tomadas as decisões sobre a continuidade da greve e de como seguiria a luta nos próximos dias. E a cada assembléia, ficava claro o crescimento do número de trabalhadores na luta, e de toda a sociedade em apoio a estes.

Após 112 dias de omissão e intransigência, o Governo do Estado se apresenta aberto a negociação com o sindicato. Diante disso, os professores decidiram, na noite do dia 27, suspender a greve até que terminassem as negociações. É importante ressaltar que continuamos sob estado de greve, ou seja, caso as reivindicações do povo não sejam atendidas, a greve será retomada no dia 8 de outubro, data da próxima assembléia.

Foram 112 dias de greve, 112 dias de ataque aos trabalhadores e, ainda assim, os mineiros resistem, mostrando que a luta é o único caminho para conquistar os direitos do povo e transformar a educação em prioridade em nosso país.

4 comentários:

Matheus disse...

APESAR DE NÃO CONCORDAR COM O MOVIMENTO GREVISTA, EU APOIO A GREVE DOS PROFESSORES EM LUTAR POR MELHORES SALÁRIOS E UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE.
NÃO CONCORDO QUANDO SE FALA EM MANIPULAÇÃO DE INFORMAÇÕES, ACREDITO QUE CADA LADO "OBSERVOU" O PROBLEMA DA FORMA QUE LHE FOI MAIS CONVENIENTE!

Andre Leao disse...

Durante mais ou menos 3 meses, aconteceu grande movimento de greve em Belo Horizonte, dos educadores da rede publica. E fala a verdade, para quem ao tinha nada ver com isso era um saco, principalmente para mim, que faço serviço de rua, o transito ficava uma merda, tanto que comecei a repara que toda quarta era dia de manifestações, ai fazia meus serviços rápido para não pegar o transito. Mais o mais legal, foi que essa greve começou a gerar outras manifestações na cidade, tanto que tive um pensamento que ´´ um dia BH ira parar todinha por conta de greve`. Mas enfim, deu no que deu e agora estamos ai, sofrendo por causa dos professores que querem acabar o ano rapido e sai tacando trabalho e mais trabalho para gente fazer as pressas. Faze o que né.

Anônimo disse...

Três meses de luta , garra e determinação dos professores das escolas estaduais em Minas Gerais . Como aluno do estadual central-Bh , eu concordo com todas petições destes guerreiros que mereçem um salario digno e descente para sobreviver nesta sociedade capitalista em que todos nos vivemos ! Me senti prejudicado isto é fato , mais creio que tenho que relevar esta situação , pois os professores ja passam por este problema desde muitos anos atrás ! Abraço \º/

Candinho disse...

Três meses de luta , garra e determinação dos professores das escolas estaduais em Minas Gerais . Como aluno do estadual central-Bh , eu concordo com todas petições destes guerreiros que mereçem um salario digno e descente para sobreviver nesta sociedade capitalista em que todos nos vivemos ! Me senti prejudicado isto é fato , mais creio que tenho que relevar esta situação , pois os professores ja passam por este problema desde muitos anos atrás ! Abraço \º/

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